Gestão de stock
Os bens adquiridos pela empresa são, em regra geral, encaminhados para os armazéns onde ficam depositados até serem posteriormente utilizados quer pelos serviços da empresa quer pelos seus clientes. É o conjunto destes bens que constitui o stock.
Stock é toda a maneira, produto ou mercadoria que se encontra armazenada na empresa à espera de uma futura utilização pelos serviços utilizadores.
Armazenamento
O armazenamento requer essencialmente a existência de recintos, armazéns, que é o local onde se guardam os bens que não tem utilização imediata.
O local de armazenamento deve obedecer fundamentalmente as seguintes condições:
· Próximo do local de recebimento dos bens;
· Próximo dos departamentos que servem;
· Permite às pessoas interessadas um fácil acesso aos bens armazenados;
· Os bens armazenados devem estar protegidos de incêndios, roubos e deterioração.
Instrumentos de gestão do stock
A gestão de stock implica todo um conjunto de actividades de natureza administrativa que permitem conhecer, em qualquer momento, de uma maneira clara e precisa o seguinte:
· A quantidade de bens que entram no armazém;
· A quantidade de bens que saem do armazém;
· A quantidade de existência de cada um dos bens nos armazéns;
· Analisar os desvios entre as quantidades existentes e as que deviam existir.
Assim, a gestão de stock requer a realização das seguintes tarefas básicas:
1º Estabelecimento de um registo de existência com base nas guias de remessas enviadas pelos fornecedores:
Exemplo de uma guia de entrada
Encomenda nº: 80018 | Guia de entrega nº: 55584 Data: 10/09/14 | |||
Código | Designação | Quantidades | Existência | |
Recebida | Aceite | |||
1110012 | Açúcar, trigo, açúcar e arroz | 20 | 15 | 35 |
Recepção: 07/09/14 | Armazém: 09/10/14 | Gestão de stock 09/10/14 | Compras 05/09/14 | Contabilidade 06/09/14 |
Exemplo da guia de saída
Encomenda nº: 80018 | Guia de entrega nº: 55584 Data:10/09/14 | |||
Código | Designação | Quantidades | Existência | |
Recebida | Aceite | |||
1110012 | Açúcar, trigo, açúcar e arroz | 20 | 15 | 35 |
Requisitante: 07/09/14 | Armazém: 09/10/14 | Gestão de stock 09/10/14 | Compras 05/09/14 | Contabilidade 06/09/14 |
2º Elaboração de fichas de stock ou de inventário de acordo com as diferentes espécies de bens existentes em armazém e que são escrituradas em quantidades, quer pelas entradas quer pelas saídas de existências.
Estas fichas normalmente indicam as quantidades disponíveis, a data em que foram recebidas e os artigos que foram feitos. Sempre que um produto entra ou sai, é registada na ficha. Assim, à qualquer momento, a quantidade de qualquer artigo que fica no armazém pode ser verificada.
Ficha de inventário (cardex)
Designação do material: Açúcar, trigo, açúcar e arroz Código: 1110012 Local de arrumação: Maxixe | Unidade de utilização | |||
Data | Referência | Entrada | Saída | Existência |
09/10/14 | | | | |
Métodos de reaprovisionamento
Os materiais e componentes necessários para a actividade produtiva devem ser reabastecidos em tempo oportuno. Para isso, há que determinar as quantidades que devem ser encomendadas e em que datas precisas para que o custo total seja o menos elevado possível. Esta questão é indissociável da gestão de stock.
Os quatro métodos principais de reaprovisionamento articulam-se à volta de dois parâmetros principais:
· A quantidade encomendada que pode ser fixa ou variável;
· A data de reaprovisionamento que pode ser em períodos fixos ou variáveis.
Vamos estudar sucessivamente os quatro métodos de reaprovisionamento que se ilustram no quadro a seguir.
Métodos de reaprovisionamento
| Período fixo | Período variável |
Quantidade fixa | Método de reaprovisionamento | Método de ponto de encomenda |
Quantidade variável | Métodos de reposição | Método de períodos e quantidades variáveis |
Métodos de reaprovisionamento – este método é o mais simples e na pratica pouco usado. Pode ser aplicado para artigos de baixo valor (Categoria C do diagrama ABC).
Método de reposição – supõe-se que o consumo é regular e que se conhece o consumo total anual.
Método do ponto de encomenda – o ponto de encomenda corresponde ao nível de stock mínimo em que se deve desencadear a ordem de compra. Assim, o ponto de encomenda é p nível de stock necessário para cobrir as necessidades durante o prazo que decorre entre o pedido e a chegada da economia.
Método co quantidades variáveis – trata-se da gestão de artigos caros da categoria A no diagrama ABC cujos preços variam e que apresentam um carácter mais ou menos especulativos.
Princípios da classificação ABC
Muitas empresas têm enormes quantidades de stock que se torna difícil vigiar todos os artigos. Quando o número de artigos chegam as centenas ou milhares, o seu controlo constante torna-se não só impossível como até extremamente oneroso. Chegou-se a conclusão que na maioria das empresas uma pequena percentagem dos artigos em stock é que são responsáveis para os grandes investimentos em stock e, pelo contrário, uma grande percentagem de artigos em stock eram responsáveis por apenas um valor insignificante dos capitais investidos em armazéns.
A classificação ABC consiste em diferenciar os artigos em função do valor das saídas anuais de stock que eles representam. Esta classificação baseia-se num princípio, muito conhecido, dos 80-20:
20% Dos artigos representam 80% do valor total das saídas e os 80% dos artigos que ficam apenas representam 20%.
Esta classificação é, portanto, fundamental para uma empresa, pois condiciona o tipo de gestão que se vai aplicar (a cada um dos artigos).
A classificação ABC pode ser baseada em dois critérios:
1º Critério: valor das saídas anuais em stock;
2º Critério: valor em stock.
A aplicação simultânea, dos dois critérios e a comparação dos resultados é, muitas vezes, útil para medir o rigor com o qual se gerem os stocks.
Da mesma forma que 20% dos artigos representam, muitas vezes, 80% dos valores de saídas, também se verifica numa empresa que 20% dos clientes representam 80% da facturação.
A classificação ABC é uma ferramenta importante na gestão de stock sobretudo quando se trata de elevado número de artigos:
Artigos de classe A – os artigos classificados como de classe A requerem uma gestão mais cuidadosa, uma vigilância estreita e frequente.
Artigos da classe N – os artigos classificados como da classe B, requerem uma gestão menos rigoroso que os da classe A. A sua vigilância deve ser cuidada embora menos frequente.
Artigos da classe C – os artigos desta classe são controlados de forma aleatória. Os stocks de segurança podem ser altos, de forma a evitar rupturas de stock.
Artigos que irão determinar as classes A, B e C.
Neste exemplo consideramos uma empresa que gere 10 artigos e cujos valores de saídas de stock e valores de stock e valores de stock sejam os seguintes:
Artigo | Valor do artigo | Número de saídas | Total | Quantidade em stock | Total |
01 | 25 | 159 | 3975 | 35 | 875 |
02 | 134 | 56 | 7704 | 12 | 1608 |
03 | 23 | 12 | 276 | 4 | 92 |
04 | 5 | 70 | 350 | 25 | 125 |
05 | 87 | 30 | 2610 | 1 | 87 |
06 | 2 | 75 | 150 | 10 | 20 |
07 | 9 | 140 | 12560 | 20 | 180 |
08 | 1 | 80 | 80 | 10 | 10 |
09 | 0.5 | 150 | 75 | 50 | 25 |
10 | 6 | 35 | 210 | 5 | 175 |
Note que, este exemplo limita-se à 10 artigos.
Passos para a resolução:
1) Calcular o valor anual de saídas de cada artigo;
2) Ordenar os valores obtidos por ordem decrescente;
3) Acumular os valores encontrados;
4) Calcular em percentagem os valores acumulados;
5) Calcular a percentagem acumulada de artigos;
6) Verificar a classe a que pertence cada artigo.
E, assim, temos:
Artigo | Valor do artigo | Número de saídas | Total | Total acumulado | % Valor acumulado | % Artigos acumulados | |
02 | 134 | 56 | 7704 | 7704 | 46 | 10 | |
01 | 25 | 159 | 3475 | 11679 | 69 | 20 | |
05 | 87 | 30 | 2610 | 14289 | 85 | 30 | |
07 | 9 | 140 | 1260 | 15549 | 93 | 40 | |
04 | 5 | 70 | 350 | 15899 | 95 | 50 | |
03 | 23 | 12 | 276 | 16175 | 97 | 60 | |
10 | 6 | 35 | 210 | 16385 | 98.1 | 70 | |
06 | 2 | 75 | 150 | 16535 | 99 | 80 | |
08 | 1 | 80 | 80 | 16615 | 99.5 | 90 | |
09 | 0.5 | 150 | 75 | 16690 | 100 | 100 | |
Se colocarmos em abcissas os vários artigos, e em ordenada o total das saídas, obtermos a curava de Pareto, designada por curva ABC.
Note que os dois primeiros produtos representam 69% de saídas totais e 20% do número total de artigos. Estes produtos constituem a classe A.
Os produtos que representam 97% das saídas são constituídos por 60% do número de artigos. Os artigos 05, 07, 04 e 03 constituem a classe B.
Por fim, os 4 últimos artigos formam a classe C representando 3% do valor total dos artigos.
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