O Contexto Histórico da Alemanha antes da sua Unificação

1.O Contexto Histórico da Alemanha antes da sua Unificação

Os séculos XVI e XVII, na Europa, foram marcados por conflitos religiosos, que na verdade traduzem as diversas disputas políticas e os interesses económicos existentes. O Sacro Império Romano-Germânico foi influenciado pela aparição da Reforma Protestante, pois existiam diferentes reinos na mesma região que eram dirigidos por príncipes de orientação católica e protestante. Essa diversidade em relação à religião implicou, muitas vezes, uma grande tensão política, em que os soberanos de uma determinada região não aceitavam a prática de uma religião contrária à deles (SANTOS, 2016: 42).
Os conflitos religiosos ocorridos no espaço alemão e solucionados, em Setembro de 1555, com a assinatura da Paz de Augsburgo, entre o sacro império germânico, de Carlos V, e os estados alemães luteranos, inauguraram um período no qual cada príncipe podia impor a sua crença aos habitantes dos seus domínios. Tal representou o enfraquecimento do poder imperial católico e o fortalecimento da nobreza, e de parte da burguesia, que havia aderido ao luteranismo e representava uma forma de oposição às tentativas do imperador em tornar-se absolutista, e trazia ainda a cobiça em relação às terras da Igreja (idem).
Apesar de os conflitos religiosos serem a causa directa da guerra, ela envolveu um grande esforço político da Suécia e da França para procurar diminuir a força da dinastia dos Habsburgos, que governava a diplomacia e os exércitos franceses obrigaram os Habsburgos a concentrarem-se nos territórios austríacos e a expandirem-se em direcção ao Império Otomano, no Oriente (ibidem; 45).
Essas hostilidades causaram sérios problemas económicos e demográficos na Europa Central e tiveram fim com a assinatura, em 1648, de alguns tratados (Münster e Osnabrück) que, em bloco, são chamados de Paz de Vestfália. Que significou a dissolução da antiga ordem imperial e permitiu o crescimento de novas potências nas suas partes componentes. Reconhecido como fundamento da constituição alemã, o tratado formou a base de todos os acordos seguintes até o desaparecimento definitivo do sacro império romano germânico, em 1806 (idem).
Com o fim definitivo do poder do Sacro império romano germânico, as pequenas nações germânicas estavam arrasadas economicamente. A guerra havia sido cruel, e a Alemanha havia sido o campo de batalha. Era o início da hegemonia e da arrogância francesa na Europa e do declínio do poder dos Habsburgo. Os estados alemães foram os únicos que saíram derrotados, arruinados e devastados. Os principais campos de batalha dos intermitentes conflitos foram as cidades e principados da Alemanha, que sofreram danos muito graves. Os cerca de 350 estados alemães levariam cerca de dois séculos para recuperarem por completo dessa guerra, atrasando a sua unificação (idem).
Esse processo continua, portanto até 1789 na sequência da Revolução Francesa, quando Napoleão atacou o Sacro império romano germânico dos Habsburgo. O Imperador Francisco II abdicou da coroa, em 1806. Em seguida, Napoleão criou a Confederação do Reno (Baviera, Saxónia, Wurtenberg, Vestfália, etc.), sob protectorado francês (COSTA, 1971: 67).
 A Confederação foi dissolvida com a derrota de Napoleão e, após o Congresso de Viena, emergiu a Confederação Alemã. O liberalismo que surgiu na Europa após as Guerras Napoleónicas ofereceu uma base intelectual para a unificação, desafiando os modelos políticos e sociais dinásticos e absolutistas. Economicamente, a criação da União Aduaneira Prussiana (Zollverein), em 1818, e a sua expansão posterior à Confederação Alemã, reduziu a competição entre os estados, e os meios de transporte emergentes facilitaram os negócios, levando a um maior contacto entre os falantes de alemão através da Europa Central (idem).
O modelo das esferas de influência diplomática, resultante do Congresso de Viena (1814-1815), consagrou o domínio austríaco na Europa Central. Porém, os negociadores de Viena não tiveram em atenção a força crescente da Prússia de Bismarck entre os estados germânicos e, por isso, não anteviram que esta confrontaria a Áustria para a liderança. Este “dualismo” definiu duas soluções para a unificação: a pequena Alemanha (sem a Áustria), ou a grande Alemanha (com a Áustria). Estabelecendo uma pequena Alemanha, a unificação de 1871 resolveu, pelo menos temporariamente, o problema do dualismo.







2. Causas da Unificação da Alemanha

A unificação daAlemanha tem como principais causas:
Ø  O fortalecimento do exército que passa a ser modernizado pela liderança do general Von Moltke.
Ø  O congresso de Viana que ditou a entrega dos ducados de Holstein e Schleswig, de população alemã à Dinamarca;
Ø  As barreiras aduaneiras entre os Estados alemães que dificultavam a união efetiva das suas economias;
Ø  A necessidade de dinamização do capitalismo alemão;
Ø  O Tratado de Praga que reconheceu o fim de confederação germânica, a entrega pela Áustria dos ducados de Holstein e Schleswig à Prússia. (VICENTINO, 1991:228)
Ø  E a difusão dos ideais do liberalismo e do nacionalismo nos estados alemães. (SCHNEEBERGER, 2006:244)

3. Guerras de Unificação da Alemanha

O congresso de Viena (1815) estabeleceu os parâmetros de uma nova ordem mundial após as guerras napoleónicas, fundamentadas em particular no equilíbrio de poder, mas paradoxalmente pouco se apoiava em poder para sua manutenção. A razão mais importante para seu sucesso era o facto de que os países europeus estavam unidos por um censo de valores compartilhados.
A guerra de Cremelia (1454-1456) envolvendo de um lado a Rússia e de outro a Turquia, logo apoiada pela franca e Inglaterra, indicou a fragilidade de sistema, mas foi a guerra de unificação da Alemanha que acarretou seu fim, acabando com sistema de equilíbrio de poder e estabelecer uma política de poder.
O sistema da confederação germânica estabelecida em 1815, impedia a Prússia de promover a unificação de Alemanha sobre a sua liderança. Foi Napoleão III que contribuiu mesmo que involuntariamente para a unificação alemã, enfraquecendo a Franca de ponto de vista geopolítico que dessa forma perdeu sua condição de potência de maior influência da Europa central, pois ele não compreendeu que a confederação germânica criada pelo congresso de Viena representava uma eficiência protecção para a fronteira francesa do reino. A consideração foi projectada para somente unir-se no caso de uma ameaça externa comum e nunca para uma acção ofensiva (SANTOS, op. Cit, 2016: 68).
Com relação ao Bismark poucos estadistas contribuíram como ele para mudar o curso de história, pois antes da sua posse como primeiro-ministro acreditava-se que a unificação da Alemanha seria uma consequência do estabelecimento de um governo constitucional, como pretendido pelos revolucionários de 1848.Por tanto, a obra de Bismark foi feita apesar de nunca ter tido apoio de nenhum grupo significativo. A complexidade das questões alemã era evidente.
Conforme comenta o historiador Eric Hobsbawm, (S/d: 69) a unificação alemã suscitava três questões: por que Alemanha deveria ser unificado? As duas grandes potencias germânicas Áustria e Prússia deveria integra-la? O que deveria acontecer com os numerosos outros principados que compreendiam deste reino médios até minúsculo território que pareciam mães de operata?
Somente uma personalidade forte como a de Bismark seria capaz de vencer inúmeros obstáculos para a unificação. Segundo ele, as grandes questões não são decididas pelo discurso, mas pelo sangue e pelo ferro. E assim seria.
O poderoso império Austríaco compreendia diversas nacionalidades e para sobreviver adoptou uma essência da sua política á posição intransigente a qualquer nacionalismo, contudo, a Áustria tinha que conviver com o nacionalismo austriano, pois desde o momento em que aceitou a guerra com a Prússia pelos ducados (1864) deu início a um processo que levaria ao fim da sua posição como grande potência. Deste modo, a guerra franco- prussiano faz parte de uma serie de acontecimentos que levaram a unificação de Alemanha.
Passemos agora em revisão essas guerras que levaram a unificação alemã:

3.1. A Guerra dos Ducados-1864

Esta foi a primeira etapa do processo de unificação alemã colocada em prática por Octo Von Bismark. Os ducados situam-se entre a região que separa os Schleswig e Holstein que mantivera-se desde há muito tempo sob o governo da Dinamarca. Em ambos lados (schleswig e holstein) vivia uma população esmagorantimente germânica que fora parte integrante do sacro Imperio romano germânico. Em 1846, os nacionalistas dinamarqueses quiseram anexar os ducados, o que gerou forte reação dos membros da confederação, onde os principais países europeus comprometeram-se a manter a integridade da Dinamarca, mais em troca exigiram que os ducados mantivessem seus direitos e privilégios tradicionais (MAGNOLI, 2006: 316).
Bismark achava inadequado ser empurrado a guerra contra a Dinamarca, pois ele não via vantagem para a Prússia na independência dos ducados e por tanto, o novo estado poderia desequilibrar o balanço do poder dentro da confederação a favor da Áustria, além de, devido a sua posição geográfica vir a prejudicar o comércio marítimo prussiano dificultando o acesso da Prússia ao mar do norte (ibidem, 318).
Ele, julgava ainda que a Prússia e a Áustria como dignitários do tratado de Londres devessem a ter-se a letra do tratado, reconhecendo a ligação dos ducados a Dinamarca desde que os seus direitos tradicionais fossem respeitados, porem, embora aceitando a posição de Bismark, a situação não faria sentido para o rei Guilherme, cujo tratado humilhava a maioria dos povos germânicos. Para Bismark o problema crucial era determinar se a Prússia deveria actuar como grande potência ou comportar se como um estado de confederação alemã, isso levou com que o destino da Prússia fosse reconduzido com a assinatura do tratado com a Áustria em 1864 que estipulava em linhas gerais que o caso da disputa pelos ducados levasse a uma situação de conflitos onde o destino deles seria decidido por acordo entre as duas potências (ibidem, 320).
Na ultima semana de Janeiro de 1864 não havendo recuo da Dinamarca, as tropas prussianas penetraram no Holstein, juntando se as tropas saxónicas e hanoverianas que já ocupavam o ducado (idem).
Por tanto, essa questão dos ducados pode ser tida como um exemplo completo de imensos erros praticados pela Áustria que levaram a erosão de sua posição como grande potencia, deste modo ficava criada a possibilidade de um acerto de contas com a Prússia num território a centena de milhas da Áustria e próximo  as terras prussianas, o que era tudo que Bismark queria.  Por isso em1864, com apoio da Áustria, a Prússia conquistou os ducados de Holstein e Schleswig que eram habitados por germânicos, porém estavam sob posse da Dinamarca.
3.2. A Guerra Áustro-Prussiana-1866
Após a Guerra dos Ducados, a Áustria havia ficado com o ducado de Holstein. Bismarck ficou descontente com a administração austríaca no comando e declarou guerra à Áustria no ano de 1866. A Prússia venceu a Áustria na guerra e passou a dominar os estados do norte da Confederação. (infopedia.com, 14/08/2014).
A guerra austro prussiana também conhecida como a guerra de 7 semanas, ocorreu em 1866 e, após o fortalecido reino prussiano contra o império austríaco pela disputa dos territórios dos ducados de Sheliwig e Holtlein, que ambos os países haviam conquistado da Dinamarca em 1864 durante a guerra dos ducados. Esta guerra foi mais um dos conflitos na escalada militar comandada pelo primeiro ministro prussiano Octo Von Bismarck cujo objectivo era realizar a unificação da Alemanha que chegaria ao triunfo final com a guerra franco-prussiana(PINTO,2006: 67).
Expulsar a Áustria da confederação germânica era uma necessidade apontada pelos prussianos para conseguir o controlo sobre os demais reinos germânicos. Outra pretensão de Bismarck era conquistar os territórios dos ducados para integra-los economicamente a Prússia, bem como comandar sua forças militares e navais. Havia ainda o interesse da Prússia em ter o seu território, o canal que estava em construção e ligaria os mares de norte e báltico. A Áustria conseguiu aliar-se a alguns estados germânicos como Baveira a Hanover e Saxionia. Por outro lado a Prússia angariou apoio de Breme, Hamburgo e Lubeck, e outros estados, além de uma aliança feita com o reino da Itália (idem).
Os conflitos iniciaram-se em Junho de 1866. A acção decisiva para os prussianos foi a que ocorreu em Sadowa. Em 3 de Julho de 1866 na batalha de koniggratz, a Prússia derrotou defensivamente a Áustria pondo fim aos combates. Rapidamente as negociações de paz se iniciaram principalmente pelo receio da interferência das demais potências europeias, notadamente a França.
Em 23 de Agosto do mesmo ano foi assinado o tratado de praga pondo fim ao conflito e ampliando as fronteiras prussianas. A Itália consegui também a região da Vinetia, após os confrontos contra os austríacos. O resultado da guerra foi a dissolução da confederação germânica que era controlada pela Áustria. Em seu lugar, a Prússia formou a confederação germânica do norte sob o seu comando, a maioria dos reinos componentes dessa confederação era de origem luterana, que ficou ainda separada dos estados do sul, maioritariamente católicos. A pois 5 anos, com a vitoria prussiana sob os franceses foi possível a Bismarck e ao Kaseir Gulkherme I realizar a unificação da Alemanha (idem).

3.3. A Guerra Franco-Prussiana 1870-1871

Esta guerra eclodiu entre os anos 1870-1871 e tinha como representantes a França e a Prússia, um reino germânico forte milenariamente e com economia bem desenvolvida. A guerra foi crucial para a unificação alemã, reunindo em único império os demais reinos germânicos. Do lado francês ela serviu para a derrocada do regime do Napoleão III e também para a eclosão da comuna de paris, além de gerar os chamados revanchismo francês que seria uma das causas da primeira guerra mundial. A guerra franco prussiana foi considerada ainda a primeira guerra moderna da história principalmente em face da estratégia adaptada pela Prússia. A obrigatoriedade da prestação do serviço militar e o forte desenvolvimento industrial aliado a industria Bélgica além dos armamentos e das tácitas utilizadas (principalmente a preparação para uma guerra prolongada) foram cruciais para a vitória prussiana (VICENTINO, 1991:228).
O motivo inicial da guerra esteve relacionado com os interesses da unificação dos estados germânicos capitaneados pela Prússia e liderados pelo seu rei Guilherme primeiro. A guerra contra a França deveria servir para a expansão do território prussiano, como também servir de estímulo a unificação dos estados germânicos do sul que ainda não haviam aderido a confederação alemã do norte (idem).
Para conseguir efeito os prussianos tentaram interferir na sucessão ao tronp espanhol após a revolução espanhola de 1868. Gulherme I tinha interesse em colocar no trono espanhol Leopordo Hohenzollern o que desagradava a França e a Napoleão III. Entretanto, Octo Von Bismarque realizou uma manobra para a França declarara guerra a Prússia, esta manobra teve como pano de fundo o nacionalismo germânico, já que uma guerra externa serviria como um estímulo a unificação dos estados que ainda não haviam aderido a confederação alemã do norte (infopedia.com, 14/08/2014).

4. Consequência das Guerras para a unificação alemã

A acção do governo prussiano encabeçado por Guilherme primeiro e Octo Von Bismarck fez com que a Prússia travasse três guerras em um período de 7 anos, as vitórias prussianas nesses conflitos promoveram a unificação da região e o surgimento do império alemão. Ao final dessas guerras, o mapa europeu passou por uma série de transformação, com a qual a unificação redefiniu a balança do poder existente na Europa, marcou as decadências da Áustria e da França na posição de potências e, ao mesmo tempo afirmou o surgimento da Alemanha como potência económica e militar (PINTO, 2006, Op. Cit: 78).

5. A unificação da Alemanha

Em 1815 no congresso de Viena, a actual Alemanha ficou dividida em 39 estados independentes chamados confederação alemã ou germânica. Os estados mais fortes eram a Prússia e Áustria.Na antiguidade a Alemanha correspondia a região de onde partiam os povos bárbaros que invadiram o império romano do ocidente no século V. dando origem a pequenos reinos entre eles o reino franco, mas no século oitavo, parte da Alemanha foi anexada por Carlos magno ao império carolíngio (idem).
A agitação social de 1848-1849 que fez parte de levantamentos ocorridos em vários estados europeus, aspirava a uma Alemanha unificada sob uma única constituição e contra as estruturas políticas autocráticas. Os movimentos revolucionários pressionaram os governos dos vários estados, particularmente na Renânia, para uma assembleia parlamentar que teria a responsabilidade de redigir uma constituição. Esperavam que esta estabelecesse um sufrágio masculino universal e um parlamento nacional permanente. O parlamento de Frankfurt aprovou uma constituição e ofereceu o título de Imperador (“kaiser”) ao rei da Prússia, Frederico Guilherme IV. Este recusou por várias razões: publicamente, afirmou que não podia aceitar uma coroa sem a aprovação dos estados; temia também a intervenção da Áustria e da Rússia; e não era do seu gosto aceitar uma coroa de um parlamento, “uma coroa de barro”. Os liberais não conseguiram a unificação, mas muitas das suas ideias e propostas foram mais tarde incorporadas nos programas sociais de Bismarck(VICENTINO, 1991: 245).

Estes acontecimentos revelaram que a unificação alemã era uma questão de quando e não de se ocorreria, e o “quando” era um problema de força e poder. Um político de então afirmou:
Não podemos esconder que a ‘questão alemã’ é uma simplesalternativa entre a Prússia e a Áustria. Não é uma questão constitucional, mas sim depoder, e a monarquia prussiana é totalmente alemã, ao passo que a austríaca pode nãoser” (idem).
A unificação nestas circunstâncias levantava um problema diplomático. A possibilidade da unificação alemã destruía as “esferas de influência” criadas no Congresso de Viena, que tinha concebido uma Europa equilibrada e garantida por quatro grandes poderes: Grã-Bretanha, França, Rússia e Áustria.A unificação formal da Alemanha num estado-nação, política e administrativamente integrado, ocorreu oficialmente a 18 de Janeiro de 1871, em Versalhes, onde os príncipes dos estados germânicos se reuniram para proclamar Guilherme I da Prússia como Imperador, após a capitulação da França na Guerra Franco-Prussiana.
Informalmente, a transição, de facto, da maior parte das populações de língua alemã numa organização federal de estados tinha vindo a desenvolver-se desde a dissolução do Sacro império romano germânico em 1806, e o subsequente crescimento do nacionalismo após as Guerras Napoleónicas, através de alianças formais e informais entre príncipes (idem).
Apesar da ruptura legal administrativa e política associada com o fim do império, os povos da zona da língua alemã do antigo império partilhavam uma tradição linguística cultural e legal comum, aumentadas pela experiência compartilhada nas guerras revolucionáriasfrancesas. Cada estado independente, tinha a sua própria classe governante e as suas associações feudais, tradições e leis locais.  Como nobreza queria manter as suas prerrogativas, o desenvolvimento destes estados era nulo (idem).
O liberalismo europeu, oferecia uma base intelectual para a unificação frente aos modelos dinásticos e absolutistas das organizações sociais-políticas, a sua nobrezagermânica sublinhava a importância da tradição, educação e unidade linguística das pessoas numa região geográfica.
Este cenário, começa a mudar em 1834 quando a Prússialiderou a criação de zollverein (união aduaneira dos estados germânicos) com objectivo de facilitar o comércio entre os estados e incentivar o desenvolvimento industrial. Grande parte dos estados entrou nesta união, porem a Áustria optou por ficar de fora. Essa unificação económica foi uma união "aduaneira" imposto alfandegário. Isto permitia a livre circulação de mercadorias dentro dos estados alemães, sem pagar taxas e impostos alfandegários (ibidem; 248).
Este processo, contudo, durou quase um século, devido aos interesses próprios dos participantes. A unificação expôs diferenças e tensões, sugerindo que 1871 representou apenas um momento num contínuo de um processo mais amplo. Importa recordar que, desde antes de Carlos Magno, o Império tinha sido governado e organizado em mais de 500 pequenos reinos, que desenvolveram diferenças culturais, linguísticas e religiosas durante todos esses séculos. Mas a Alemanha do séc. XIX beneficiou de melhorias nos transportes e nas comunicações que uniram os povos numa malha cultural mais apertada (idem).
Segundo Visentini & Pereira (2012: 90), a unificação alemã só podia ser feita (mediante a ferro sangue, como diz Bismark), pela Prússia e excluindo a Áustria, no entanto, esta unificação tinha pouca viabilidade frente ao projecto de base industrial da miliariamente poderosa Prússia. Para o projecto da burguesia alemã, a unificação só seria feita a partir do mercado e do projecto democrático republicano que queria transformar o parlamento de Frankfurt no núcleo político do novo pais, este processo de unificação foi preparado pelo chanceler otto Von Bismark (idem).
O estado prussiano tinha boas técnicas de guerra e modernizados equipamentos de exército, isso fez com que fossem derrotados os países que se interpunham ao seu projeto: em 1864, a Dinamarca; em 1866, a Áustria e em 1870- 1871, a França de Napoleão III. Em todas essas guerras foram também derrotados e subjugados os estados alemães contrários ao projeto da Prússia (idem).
Assim como no caso italiano, a unidade alemã dependeu do fortalecimento politico e económico de um estado que defendesse o princípio das nacionalidades, quem desempenhou esse papel foi o reino da Prússia, governado pelos Hohenzollern. Guilherme, o qual na altura ocupava a posição de primeiro-ministro, acreditava que a unificação alemã só podia ser conquistada através da eliminação da influência política da Áustria, o que, inevitavelmente implicaria o emprego de forca militar. A Prússia pouco a pouco alcançou uma posição de prestígio no contexto regional, cabe recordar a manutenção de zolveriem, criada pela iniciativa prussiana que cunhou uma crescentemente gração económica dos estados alemães. Esses espectros contribuíram para que o exército prussiano se convertesse numa máquina de guerra. Em termos diplomáticos, Bismark empenhou-se em criar uma imagem negativa da Áustria diante dos estados confederados, isso fez com que em 1864, ele se alheasse na guerra dos ducados dinamarqueses (idem).
Comisso é compressível, o por quê a guerra franco prussiana (1870-71) foi decisiva tanto para a unificação alemã, como teve consequências importantes para a franca. Os franceses viram cair o segundo império, substituído pelo governo de defesa nacional. Em Fevereiro de 1871, em Versalhes, foram discutidas as condições preliminares para a paz. A França perdeu a Alsácia-lorena e foi obrigada a pagar forte indemnização além do pais permanecer ocupado militarmente.
Embora Bismark tenha sido responsável por essas três guerras, as preocupações de chanceler eram de ordem domestica: em primeiro lugar pretendia consolidar e promover a coesão do império, eliminando a resistência das minorias, bem como favorecer o desenvolvimento económico. Externamente a França derrotada ainda era uma preocupação. Pois o tratado de Frankfurt que pois fim a guerra franco prussiano não eliminou a velha hostilidade entre os dois países.
Ora mais do que mero evento político a unificação alemã marcava o advento das chamadas revoluções burguesas tardias. Com uma aliança entre o poder económico e as elites políticos militares, como forma de promover o capitalismo.
Consequências da unificação alemã
A unificação alemã alterou completamente as estruturas do poder existentes na Europa, vigente desde o congresso de Viena (1814-15). A Alemanha transformou-se na nação hegemónica do continente europeu e o desfecho da guerra Franco Prussiana amargou as relações entre as duas nações e por todo continente europeu espalhou-se uma tensão que décadas depois desbocariam no início da segunda guerra mundial (VIDIGAL, 2013: 313)
Alem destas consequências, a unificação alemã resultou na:
Ø  Criação do II Reich na Alemanha (Império Alemão);
Ø  Desenvolvimento económico e militar da Alemanha;
Ø  Crescimento do poder geopolítico da Alemanha na Europa;
Ø  Entrada da Alemanha na disputa por território no processo de neocolonização da África e Ásia, aumentando a disputa por territórios com o Reino Unido no final do século XIX. Este fato fez aumentar as tensões entre Alemanha e Reino Unido, um dos fatores desencadeantes da Primeira Guerra Mundial;

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